ESCOLA DIOCESANA DE TEOLOGIA CELEBRA A FORMATURA DE SUA PRIMEIRA TURMA

EDT 2No dia 07 de julho, às 10h, na Igreja Santa Rita, em Três Corações/MG, foi celebrada a Santa Missa em ação de graças pela conclusão de curso da primeira turma da Escola Diocesana de Teologia (EDT). Foram 104 formandos, leigos e leigas advindos de todas as Foranias da Diocese da Campanha, que responderam positivamente ao chamado de Deus e ao desejo de formação do laicato expresso no nosso IV Plano Diocesano de Pastoral de Conjunto.

Ao longo de dois anos, divididos em 4 períodos, os leigos e as leigas de nossa diocese tiveram a oportunidade de conhecer mais dedicadamente os grandes tratados teológicos e de estudar as mais variadas disciplinas da Sagrada Teologia, através de aulas presenciais e do desenvolvimento de pesquisas, leituras, trabalhos pessoais e em grupo. Agora é chegado o tempo de novos aprofundamentos e de um melhor e dedicado serviço pastoral do laicato às nossas paróquias e comunidades.

Rezemos por todos os formandos, formadores, por aqueles que agora seguem para a formação propedêutica como candidatos ao diaconado permanente, pelas equipes de coordenação e apoio e, especialmente, para que este tempo de graça desperte no coração de mais irmãos e irmãs o desejo inquieto de também fazer parte desta abençoada Escola. Novas turmas serão abertas. Procure sua paróquia! Participe!

O agir de Deus segue o Seu ser: Ele é bom, o seu agir também; a Ele louvor e glória pelos séculos sem fim.

Confira na íntegra o discurso de formatura:

 

ESCOLA DIOCESANA DE TEOLOGIA

DISCURSO DE FORMATURA DA TURMA 2016/2018

Elvis Rezende Messias

(Orador da Turma)

 

“Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério de sua vontade, mediante o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso no Espírito Santo ao Pai e se tornam participantes da natureza divina. Em virtude desta Revelação, Deus invisível, no seu imenso amor, fala aos homens como a amigos e conversa com eles, para os convidar e admitir a participarem da sua comunhão” (DV, n. 2).

Excia. Revma. D. Pedro Cunha Cruz, bispo diocesano da Campanha, Pe. Rogério Ferreira, srs. Padres, queridos amigos membros da equipe de coordenação da Escola Diocesana de Teologia, amigos generosos da equipe de apoio e alimentação da referida Escola, estimados professores/formadores, prezados familiares e convidados... QUERIDOS IRMÃOS FORMANDOS,

No dia 27 de agosto de 2016 iniciávamos mais uma etapa de nossa jornada formativa ouvindo a beleza e a profundidade do número 2 da Constituição Dogmática Dei Verbum que acabou de ser citada. Éramos muitos, desejosos de aprofundar no conhecimento do Mistério de Cristo que por primeiro nos amou, Se deu a conhecer, e, por meio dessa forma de discipulado, de melhor servir aos nossos irmãos em nossas comunidades e compreender mais profundamente “as razões de nossa fé”, de nossa esperança (cf. I Pd 3, 15). Como vimos, é a própria fé que pede Teologia, buscando entender aquilo que crê para crer melhor.

Hoje, 07 de julho de 2018, chegamos ao término daquele percurso iniciado, com o coração cheio de júbilo e gratidão a Deus que nos encontrou por meio de tantas pessoas irmãs e que, a partir de agora, com toda certeza, nos inspirará novos e bons propósitos.

Estamos concluindo uma etapa importante, mas, por um momento, damo-nos conta de uma realidade estranha, o “tempo”, realidade essa que nem sempre entendemos bem. Sentimos no dia de hoje um consolo imenso e uma alegria transbordante, mas também uma ponta de melancolia e tristeza. Muitas coisas que nos afligiam e pareciam bastante difíceis passaram. Por um lado, isso traz consolo, porque as dificuldades passam e são superadas; mas a palavra consoladora também parece possuir algo de melancólico e triste: porque, afinal, as coisas boas também se vão. Junto com esta etapa que se encaminha para o fim não só passaram coisas dolorosas, mas também coisas belas... O tempo se vai, assim como veio. Sim, as coisas passam, com o tempo vão perdendo força, permanecendo firme somente aquilo que cultivamos.

Mas nosso “tempo” não é só o “chronos”, o tempo cronológico, que tudo devora e faz passar: ele é, de modo especial, “kayros”, um tempo de graça que nos encaminha ao “escatón”, ao tempo escatológico, à meta final, à plenitude dos tempos, quando Deus será tudo em todos (cf. I Cor 15, 28). Por isso, nos alegramos nesta hora e também podemos lançar luzes para o “ainda não” que se aproxima.

E, a partir disso, eu pergunto: o que desejamos cultivar em nossas vidas neste novo tempo que se iniciará após o término deste curso? O que você fará a partir de agora? Qual o próximo passo de aprofundamento? Vai continuar estudando teologia? Como servir melhor aos irmãos e irmãs em nossas comunidades e nas nossas realidades sociais específicas?

Diz o Catecismo da Igreja no número 1701 que Cristo “manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe descobre a sua altíssima vocação” (CIC, 1701). Ora, somos um ser-em-abertura, uma realidade sempre mais em estado de potencialidades, cuja dignidade se fundamenta na nossa “criação à imagem e semelhança de Deus” (CIC, 1700), imagem divina esta que, em Cristo, “foi restaurada em sua beleza original e enobrecida pela graça de Deus” (Ibid., 1701). Diante disso, podemos uma vez mais nos perguntar: o que virá pela frente agora? Quais são os planos para amanhã? Como saímos deste Curso? O que descobrimos de Deus e de nós mesmos? E o que essas descobertas nos inspiram?

Essas questões são fundamentais, pois a Sagrada Teologia possui um aspecto essencial, que é a eclesialidade, a dimensão comunitária: “como ciência da fé, ela se desenvolve no seio da vida e da ação da Igreja, dentro da sua tradição. [...] Assim, a teologia é um serviço à Igreja na sua missão de aprofundar o depósito da Revelação sob a direção do Espírito Santo...” (CNBB, Subsídios doutrinais 6, n. 19). Ora, da mesma maneira que a Revelação acontece na história e a sua compreensão também é uma compreensão histórica, este ato de pura bondade e compaixão de Deus para conosco nos interpela a uma resposta e a um compromisso também histórico. Especialmente nesse ano do laicato, e por nossa Escola se tratar de uma formação teológica para leigos, a responsabilidade de transpor nosso aprendizado para o espaço concreto de nossas comunidades e demais dimensões de nossa vida é um desafio irrenunciável. Enquanto cristãos leigos e leigas, somos chamados a ser sal da Terra e luz do mundo e, como tais, a temperar e iluminar, simbologias que nos remetem à ideia de que o sentido do que fazemos está no direcionamento da abertura, da doação, da missão, da saída (cf. CNBB, Doc. 105, n. 13): o sal sem o alimento a temperar e a luz sem uma realidade a iluminar perdem sua razão de ser. Dimensão espiritual e dimensão histórico-social se complementam, de tal modo que “a teologia, em uma perspectiva histórico-salvífica, é uma tentativa de superar o risco da fragmentação” (CNBB, Subsídio doutrinal 6, n. 74).

Neste contexto, agradecemos àqueles que se fizeram sal e luz em nossas vidas ao longo destes dois anos: ao Pe. Rogério Ferreira (Coordenador da EDT), à querida Maria Auxiliadora Ortiz – Dôra (Secretária da EDT), ao Élcio Marçal (Tesoureiro da EDT), ao seminarista Elton (Tesoureiro da EDT), a cada amigo e amiga da equipe de cozinha que cuidou de nossa alimentação, da limpeza do Centro Diocesano de Pastoral, dos tantos detalhes para que esse curso ocorresse tão bem (Creusa, Georgina, Lúcia, Neusa, Nilvânia, Maria das Graças, Rayan), ao Adilson (Administrador do Centro de Pastoral), ao bispo diocesano D. Pedro, que muito apoiou esse projeto de formação dos leigos e fez questão de presidir esta Celebração Eucarística em ação de graças aqui conosco, ao Pe. Jean Poul (Coord. Diocesano de Pastoral) e a cada professor que nos enriqueceu com suas aulas magnas (Padres Manoel Marques, Jean Poul, Jean Steferson, Noel Vitor, Wendel Resende, Rafael Soares, José Roberto, Alzir Coimbra, Carlos Henrique, Daniel Menezes, Rogério Ferreira e Ir. Cézar).

Além do mais, professando a fé na comunhão dos santos, também manifestamos nossa gratidão e comunhão espiritual com o amigo e irmão Adão Gonçalves Leite, de Heliodora, que recebeu o chamamento do Senhor da Vida e nos deixou no meio da jornada. “Quem crê em Mim ainda que morra viverá”, diz o Senhor. Em um pequeno instante de silêncio rezemos por ele e por sua família... A certeza da ressurreição traga consolo e paz.

Enfim, no término dessa jornada, peçamos a Deus que sejamos discípulos sempre, estudantes sempre, aprendizes sempre... É bom não nos esquecermos de que a teologia, antes de ser científica e racional, é “teologia genuflexa e devota”; a experiência do Deus que se revela é o seu elemento central e, melhor do que abarcarmos o mistério com nossa pequena razão, é permitir que o Mistério nos abarque com Seu amor. Que não tenhamos medo de descobrir que existem coisas maiores do que as grandezas que nós já conhecemos. Afinal, somos todos irmãos diante do vasto mundo do não-saber. Como disse o beato João Duns Scotus, “só Deus é o teólogo absoluto, só Deus conhece Deus”... A chegada de hoje é só o início de muitas outras partidas. A todos nós, coragem, felicidades, bênçãos!

Fotos por Élcio Marçal e Maria Aparecida Enésio

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