A HISTÓRIA

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A Diocese da Campanha foi criada pelo papa São Pio X, a oito de setembro de 1907, pelo decreto pontifício “Spirituali fidelium bonum” (O bem espiritual dos fiéis) e teve como primeiro administrador, o bispo de Pouso Alegre, Dom João Batista Corrêa Nery.

Ao longo de todo o período imperial (1822 – 1889), por causa do regime de padroado e, consequentemente, a união entre a Igreja e o Estado, foram poucas as dioceses erigidas no extenso território brasileiro. Neste período foram criadas somente três novas dioceses no Brasil: Porto Alegre/RS (1848), Fortaleza/CE e Diamantina/MG (1854).

Com a proclamação da República, veio a separação entre a Igreja e o Estado, mediante o decreto 119-A, redigido e apresentado ao governo provisório por Rui Barbosa, em 7 de janeiro de 1890. Este decreto extinguiu o regime de padroado e garantiu a liberdade religiosa no Brasil. Apesar de o novo governo ser de espírito laicista, essa separação deu maior liberdade interna à Igreja, fazendo com que ela buscasse melhor organização. Assim sendo, a partir da referida data, muitas dioceses serão erigidas dentro do território nacional. Dentre essas, destaca-se a Diocese da Campanha.

Foi neste contexto de mudanças políticas e sociais que nasceu, no sul de Minas, um movimento pela criação de uma diocese sulmineira. O sul de Minas, até então, tinha seu território dividido entre duas dioceses: a leste e nordeste do rio Sapucaí, ficava a Diocese de Mariana/MG; a oeste, noroeste e sul do mesmo rio, a diocese de São Paulo/SP.

No ano de 1891, Bernardo Saturnino da Veiga, proprietário do jornal "O Monitor Sul Mineiro", com sede em Campanha, expede uma circular aos padres do Sul de Minas e lhes lembra a inadiável necessidade de se pedir a criação de um Bispado com sede em Campanha, o que iria premiar toda a região. Depois de muitas dificuldades políticas e econômicas, o anseio de criação de um bispado sulmineiro, com sede em Campanha, acomodou-se.

No ano de 1897, contudo, agita-se com mais veemência a idéia da criação de uma diocese no Sul de Minas. Agora, duas cidades ambicionavam o título de “sede diocesana”: Campanha e Pouso Alegre.

O movimento campanhense foi liderado pelo Vigário Cônego José Teófilo Moinhos de Vilhena, e o de Pouso Alegre pelo Padre José Paulino de Andrade. Houve representações de ambas as cidades ao Internúncio e ao Bispo de São Paulo, Dom Joaquim Arcoverde. Os pousoalegrenses foram mais felizes: tiveram também o apoio de Silviano Brandão, mais tarde Vice-Presidente da República. Sendo assim, a 4 de agosto de 1900, criada a Diocese de Pouso Alegre, pelo decreto pontifício “Régio latissime potens”, de SS. Leão XIII.

Mesmo com a criação da Diocese de Pouso Alegre, a idéia da criação de um bispado campanhense não esfriou. Em 1903, após uma representação de campanhenses ilustres seguir, por recomendação de D. Joaquim Arcoverde, à autoridade eclesiástica, o núncio apostólico no Brasil D. Júlio Tonti visita a cidade da Campanha, reavivando as esperanças de criação de mais uma diocese no sul de Minas.

De 1904 até 1907 muitos trabalharam pela causa da criação da Diocese da Campanha. Dentre os líderes destacam-se o próprio bispo de Pouso Alegre, D. João Batista Corrêa Nery, que não se opôs ao movimento de criação de outra diocese no sul de Minas; Monsenhor João de Almeida Ferrão, campanhense e vigário geral da diocese de Pouso Alegre; o diplomata brasileiro em Roma, Joaquim Nabuco; os padres José Maria Natuzzi e Miguel Martins e os deputados Joaquim Leonel de Rezende e Gabriel Valadão.

Em 1907, quando Campanha tornou-se Diocese, Minas Gerais tinha como Sedes Diocesanas só Mariana, Diamantina, Pouso Alegre, Montes Claros e Uberaba. São posteriores a ela: Araçuaí (1913), Caratinga (1915) e Luz (1918). Belo Horizonte terá seu Bispado só em 1921, e Juiz de Fora, em 1924.

Enfim, depois de muito trabalho foi criada a Diocese da Campanha, desmembrada da Diocese de Pouso Alegre. Doravante, agregaram-se à Campanha as paróquias que, antes de 1900, pertenciam à Diocese de Mariana. O Sul de Minas contava, assim, com duas dioceses no fim da primeira década do século XX.

FONTES:
LEFORT, José do Patrocínio. A Diocese da Campanha. Imprensa oficial de Minas Gerais, BH, 1993.
MATOS, Henrique Cristiano José. Nossa História. 500 anos da Presença da Igreja Católica no Brasil, Tomo 2. Ed Paulinas, SP, 2002.

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