13 de junho: Santo Antônio de Pádua - Sé Diocesana celebra a solenidade de seu padroeiro

52O dia 13 de junho é sempre marcado pelas festividades em honra a Santo Antônio de Pádua, um dos santos de maior devoção do povo brasileiro. Em Campanha, cidade mais antiga da diocese, não e diferente. A sé diocesana iniciou os festejos de seu padroeiro com o raiar do sol: a Alvorada festiva desperta os fiéis para esse dia especial com o repicar de sinos e a música da Fanfarra Irmão Paulo.

Às 10h foi celebrada a primeira missa do dia com a presidência do vigário paroquial, Mons. José Hugo Goulart. A animação desta celebração ficou por conta do Coral Santo Antônio. Ao final, foi realizada a tradicional bênção dos pães de Santo Antônio.

A trezena de Santo Antônio

Os preparativos para a trezena de Santo Antônio começam bem antes! Já no dia 21 de maio, a imagem peregrina de Santo Antônio visitou todas as comunidades urbanas da paróquia. E, a partir de 3 de junho, Santo Antônio peregrinou nas comunidades rurais, encerrando este momento em 12 de junho, na comunidade N. Sra. Aparecida (Distrito dos Ferreira – município de S. Gonçalo, atendida pela paróquia de Campanha).

A celebração da trezena na Catedral teve início no dia 31 de maio, festa da Visitação de Maria. Neste ano mariano, foi meditado durante a trezena, a presença de Maria na vida e vocação de Santo Antônio. Sempre antes da bênção final, os fiéis eram convidados para se dirigirem à Capela-mor da catedral onde se procediam as orações da Trezena: recitação da Ladainha do padroeiro, oração e hino de Santo Antônio. E este ano, foi inserido um momento mariano, resgatando as orações que Antônio redigiu para a Virgem Maria. Após a oração, a bênção final era sempre feita com a bênção do livro dos Números (6, 22-27), muito utilizada na tradição franciscana. 

Durante o período da trezena, de 31 de maio a 13 de junho, sempre às 12 horas, os sinos da Catedral Santo Antônio repicaram; e era rezado a oração da Rainha do Céu, durante o tempo pascal, e o Ângelus, no Tempo Comum.

Chegada dos padroeiros

Às 16h teve início a cheda dos andores com as imagens dos padroeiros das comunidades urbanas e rurais. Campanha conta com 20 comunidades: 9 urbanas e 10 rurais. Esse momento foi dirigido pelo vigário paroquial, Pe. Edson Pereira de Oliveira. Todas as comunidades se fizeram representar com o andor e a imagem do seu padroeiro. Foi um momento alegre, onde o vigário, com um canto, recebia cada uma das comunidades. Esse momento, sobretudo, demonstra a unidade que as comunidades possuem com a matriz.

A missa solene e a procissão

Com a presidência de D. Pedro Cunha Cruz, bispo diocesano, a missa solene teve início às 17h e foi concelebrada pelo pároco, Pe. Luzair Coelho de Abreu e pelos vigários: Pe. Edson Pereira de Oliveira e Pe. José Hugo Goulart. Também concelebrou o diácono Wendel Rezende.  Estiveram presentes os seminaristas das duas casas de formação de Campanha (Propedêutico S. Pio X e Filosófico N. Sra. das Dores). Animou a celebração o Coral Catedral. Após a celebração, iniciou-se a procissão pelas ruas do centro histórico de Campanha.

Os fiéis preparam as ruas, enfeitando-as com bandeirolas e as casas, colocando toalhas e colchas coloridas com flores nas janelas. Animou a procissão a Fanfarra Irmão Paulo. E nem a chuva atrapalhou a participação dos fiéis! Mesmo com chuva a procissão seguiu o seu trajeto planejado e os fiéis acompanharam!

Retornando à Catedral, D. Pedro abençoou os pães que foram distribuídos aos fiéis. A distribuição ficou a cargo a irmandade do Santíssimo Sacramento.

O pão de Santo Antônio

A figura de Santo Antônio está muito ligada com o pãozinho de Santo Antônio que é abençoado e, muitos de nós deixam no vasilhame de mantimento para que não falte alimento durante o ano. Uma primeira vertente é que esse costume tem origem naquilo que chamou a atenção do agostiniano Fernando (verdadeiro nome de Sto. Antônio) para a ordem de São Francisco. Fernando ficou impressionado com o despojamento dos frades mendicantes de Francisco pedindo alimento e distribuindo-o aos pobres. Fernando se transferiu da ordem agostiniana para os franciscanos e passou a chamar-se Antônio. Junto com Francisco e os demais frades passaram a distribuir alimento aos pobres e necessitados. Não podemos também nos esquecer do mandamento de Jesus, que se autodenominou o Pão da Vida, o alimento verdadeiro.  Jesus se transforma em pão para nós na última ceia, e, ao nos alimentarmos desse pão em todas as celebrações eucarísticas, nos alimentamos do próprio Jesus.

É tradição em Campanha fazer a distribuição de pães abençoados na missa solene. Isso só é possível porque a maioria das padarias da cidade doam pães para a manutenção desta bonita tradição. E, desde o começo da manhã do dia 13, uma equipe de leigos prepara esses pães para a distribuição: cada fiel recebe um saquinho com dois pães e um postal com a oração de Santo Antônio.

E, para não perder a ‘origem’ da tradição do pão de Sto. Antônio, o excedente, aqueles pães que sobram da distribuição são doados à Vila Vicentina da cidade.

Homilia

“O primeiro aspecto que gostaria de sublinhas é sobre a I Leitura [Is 61, 1-3a] que nós ouvimos do profeta Isaías, é uma leitura tipicamente sacerdotal. E quando nós falamos sacerdotal, não significa só o sacerdócio ministerial, mas o sacerdócio comum dos fiéis. O profeta explica a razão pela qual nós recebemos o Espírito. E Santo Antônio foi muito dócil a esse Espírito. O espírito que nos foi dado para nós recebermos em nosso ser a Palavra de Deus e só entendemos essa Palavra mediante a presença do Espírito em nós. O Espírito é o primeiro e fundamental protagonista na missão. Missão esta que esteve muito presente na vida de Santo Antônio, missão esta que deve estar presente na vida de cada batizado! O que nós devemos fazer com a presença do Espírito em nós, seja pelo batismo seja pelo sacramento da ordem! E Sto. Antônio recebe o sacramento da ordem para viver exatamente essa vivência do profeta Isaías. O Espírito é dado e nos dinamiza, nos impulsiona a transforar a vida das pessoas, sobretudo as mais necessitadas. ”

“A segunda leitura, retirada da carta aos Coríntios [1Cor 2, 1-10] me fez lembrar duas coisas bonitas, que lemos nos discursos de Sto. Antônio, que era um grande orador, um grande pregador, um grande anunciador da Palavra de Cristo Jesus. Mas ele não sendo vaidoso, como nenhum santo pode ser, vivendo na humildade, ele tinha consciência que ele não veio trazer uma sabedoria com toda aquela persuasão, que muitas vezes é pautada no nosso individualismo, nas nossas vaidades, na nossa capacidade tipicamente humana; mas como São Paulo descreve: ‘nós pregamos o Cristo, nós temos o pensamento de Cristo’. Ele prega com a sabedoria que vem do alto.  E no final desse texto é interessante observar que São Paulo fala qual a função da sabedoria: a função da sabedoria é esclarecer o mistério de Cristo! A verdadeira sabedoria não direciona o nosso olhar, para nós mesmos, ou para as nossas capacidades, mas para o Cristo. E por isso Santo Antônio foi sábio. Por isso a língua e as pregas vocais de Santo Antônio se mantêm como sendo duas relíquias importantes na sua basílica em Pádua, na Itália.”

“Cristo no Evangelho de hoje nos recorda aquilo que é muito importante na vida de um missionário. Santo Antônio foi um santo missionário que sai de sua terra, sai de Portugal e vai viver a experiência da semeadura da Palavra de Deus nesses dois países, mais especificamente, na França e na Itália. É aquela experiência que ele faz de Jesus mesmo que envia os discípulos dois a dois! E aí tem um trecho interessante: ‘Ele mesmo pudesse estar nesses discípulos que ele envia’. A primeira consciência que temos que ter como missionários ou discípulos de Cristo é que não estamos sozinhos nessa trajetória mesmo que haja dificuldades no anúncio e no testemunho do evangelho, que nós sabemos que temos! Não existe cristão que não tenha encontrado ou que não encontre dificuldade na vivência do Evangelho, no anúncio e no testemunho desse mesmo Evangelho! O mais importante não é pensar na dificuldade! E termos a certeza de que não estamos sozinhos! É o Cristo que envia, Ele está presente em quem envia: no enviado! E aí a certeza de toda vocação. Eu e meus 27 anos de sacerdócio, que o Senhor me chamou e me consagrou há 27 anos e esse evento ficou no passado. Não! Ele continua assistindo! Nós continuamos a sentir a sustentação no nosso caminhar, na nossa missão através Dele. Ele está presente na nossa vida! Daí São Paulo dizer: ‘o meu viver é Cristo!’ Ele não sabia mais separar a presença de Cristo na sua vida.”

“A mãe de Santo Antônio cantava para ele um hino tão bonito e conhecido, composto no século VI por um bispo Francês da diocese de Poitiers, que é chamado Ó gloriosa domina! A gloriosa senhora, a mãe das mães, a senhora das senhoras, a senhora que requer e exige de nós toda reverência, Maria Santíssima. Quanto Antônio era pequeno ouvia esse canto. Muitas vezes o santo cantou este canto. Quando ele ao morrer, teria balbuciado no leito de dor, essa mesma música que ele aprendeu na infância.  Maria esteve presente do início ao fim na vida de Santo Antônio! Santo Antônio recorreu a Nossa Senhora, como todos nós fazemos, tendo-a como mediadora, invocando-a em vários sermões! Trabalhei durante 5 anos em uma cidade próxima a Pádua, principalmente no natal e na páscoa. A cada sexta-feira, os franciscanos conventuais fazem questão de cantar junto ao túmulo de Santo Antônio, Ó gloriosa domina, para lembrar a importância de Maria!”

“Santo Antônio fez 6 sermões dedicados à Virgem Maria. Sempre relacionando a Virgem ao mistério de Cristo. Uma das frases bonitas de seu sermão: ‘a criatura carregou no seio seu criador e a pobre virgem, o Filho de Deus’. Daí essa imagem de Santo Antônio com a criança e a vigem! Nesse mesmo canto [Ó gloriosa domina!] fala de um seio lactante, abundante, que representa, portanto, a própria graça! Essa criatura que está acima de qualquer realidade criada na terra. Talvez a partir desse canto Santo Antônio tenha tirado essa percepção do papel de Maria na sua e em nossa vida! Santo Antônio manifestava um amor profundo à Mãe de Jesus! Não se envergonhava! Eu, nesses meus 10 anos como seminaristas e 27 anos como padre, conheço muita gente que se envergonharam de Nossa Senhora. ‘Eu estou em outra denominação religiosa, seu bispo, porque agora, só Jesus’. ‘Nada de olhar para a mãe’. ‘Fui mal educado na igreja católica. Me ensinaram a, desculpe a expressão, a adorar Nossa Senhora; agora aprendi a adorar só Deus’. São tantas frases distorcidas acerca da nossa religião e do papel de Maria no quadro da nossa espiritualidade! Maria também é uma educadora nossa no campo da fé, quando nos aponta a fazer sempre a cumprir a vontade de seu filho Jesus Cristo. Esse amor que Santo Antônio tem pela a mãe de Jesus, sempre era relacionado a Virgem com Jesus.”

Imagens por Bruno Henrique - Paróquia Santo Antônio - Campanha/MG

 

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