Missão e desafios urbanos
No artigo passado salientamos a necessidade de uma verdadeira renovação da fé, procurando novos caminhos da evangelização; não vivendo de forma cômoda ou individualista, mas mostrando que toda comunidade de fé é, essencialmente, missionária. Todos são interpelados pelo Evangelho, e podem ser envolvidos e comprometidos com a missão. Todos os batizados são corresponsáveis pela vida e missão na comunidade e no mundo.
Contudo, não podemos desconsiderar a complexidade da “mudança de época” na qual os discípulos e missionários estão inseridos como enviados, com estruturas sociais e culturais bem diversas. Um desses desafios é o fenômeno da urbanização, aonde as cidades vivem o reflexo de tudo o que acontece no mundo; o que costumamos chamar de “globalização”. Tal fato faz das cidades um lugar importante da ação evangelizadora em nossos dias. A Igreja, assistida pelo Espírito Santo, precisa identificar os seus sinais em meio aos desafios urbanos. Dentre muitos desafios, destacamos a falta de referências objetivas, o relativismo e o individualismo, que têm sido abordados em muitas catequeses e homilias do Papa Francisco.
As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil nos recordam que nós não estamos sozinhos ao enfrentarmos os desafios urbanos, pois, pela fé, reconhecemos o Senhor presente e atuante junto a nós (DGAE, 67). A missão comporta sempre uma palavra profética que interpela e chama à conversão; desde que a ação evangelizadora invista no discipulado e na missionariedade. O autêntico discípulo não desanima, mas lê os sinais do Senhor Jesus em tudo isso. De outro lado, precisamos superar a tentação do comodismo. A Conferência de Aparecida já nos motivou ao afirmar: “não podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir em todas as direções para proclamar que o amor é mais forte” (DAP, 548). Sigamos adiante no nosso bom propósito, pois a alegria do anúncio do Reino é maior que os desafios.
