QUARESMA: EXPERIMENTAR A MISERICÓRDIA E A FRATERNIDADE

 

Braso_D._Pedro

Como é do saber de todos os cristãos, o tempo da quaresma é de conversão e reconciliação; tempo de renúncia do mal; tempo de busca e encontro pessoal com Cristo pela fraternidade, perdão, oração e outras práticas penitenciais. Este tempo, liturgicamente forte, é uma referência que nos lembra que a vida cristã é um processo contínuo de conversão.

 

Por isso, o “deserto interior” proposto por este tempo de Deus para sua Igreja, quer reavivar em nós a chama do seu amor misericordioso, trazendo-nos uma nova proposta de vida. Neste sentido, a Igreja quer nos empenhar no propósito de abertura a Deus e ao próximo; abandonando tudo o que é mal e colhendo o que é bom e justo.

A vida nova proveniente deste peculiar encontro com Deus, supõe que perdoemos e nos sintamos perdoados por Deus. Se a Reconciliação significa acolher a iniciativa da Misericórdia de Deus que vem ao nosso encontro, chamando-nos a uma nova experiência com Ele; a Penitência consiste em um sinal interno e externo de nosso arrependimento pelo mal cometido. É uma demonstração de nossa autêntica conversão e mudança de vida. Bom nos lembra Papa Francisco na Bula da Misericórdia ao dizer: “Este é o momento favorável para mudar de vida! Este é o tempo de se deixar tocar o coração” (MV 19). Daqui decorre a consistência da prática do jejum, da esmola e da oração.

A Igreja enquanto Corpo Místico de Cristo presente na história consegue fazer ecoar, para além dela mesma, uma proposta de mudança de um quadro social que, não poucas vezes, contrasta com a proposta de vida de Cristo e seu Evangelho. Esta é a razão pela qual a Campanha da Fraternidade é lançada anualmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); sendo que neste ano de 2016 a mesma será ecumênica. Isto significa que ela não será somente da Igreja Católica, mas englobará também as igrejas que fazem parte do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), cujo tema é: “ Casa comum, nossa responsabilidade”; e o lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr como justiça qual riacho que não seca” (AM 5,24). Tais igrejas se unem e se posicionam diante dos desafios sociais que, infelizmente, encontramos em nosso país. Dentre estes desafios, a CF destaca a realidade do saneamento básico no Brasil, vendo este problema na ótica da Palavra de Deus e apontando gestos concretos para a solução do mesmo.

Tanto o governo quanto a sociedade não podem medir esforços para que o saneamento seja assegurado a todos. As políticas públicas não podem deixar de se responsabilizar pelo resgate e defesa da cidadania e dignidade de cada pessoa; além de aplicar todos os mecanismos para a melhoria e condição de vida em nossa Casa Comum (o cosmo), pois Deus nos cria e nos convoca para cuidarmos de sua criação. O Homem é chamado a cuidar da obra que o Criador colocou em suas mãos.

Que o Deus da vida, da justiça e do amor nos faça viver com fé e alegria esta quaresma e celebrar intensamente a Ressureição de seu Filho Jesus. Uma santa quaresma a todos.

 

D. Pedro Cunha Cruz

Bispo diocesano da Campanha-MG

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