Clero da Província Eclesiástica se reúne para manhã de formação

WhatsApp Image 2021-06-02 at 14.02.59 1O clero da Província Eclesiástica de Pouso Alegre (dioceses de Campanha, Guaxupé e Pouso Alegre) esteve reunido virtualmente na manhã desta quarta-feira (02/06) para uma manhã de formação e partilha da vida pastoral. O assessor foi o Pe. Vanildo de Paiva, da arquidiocese de Pouso Alegre, que trabalhou a temática “Aprendizagem pastoral na pandemia”

Acolhendo a todos os padres e diáconos, o arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, dom José Luiz Majella Delgado, CSsR, falou da importância de momentos como este. 

Aprender deve ser sempre uma qualidade nossa. Estamos aprendendo tantas coisas com essa pandemia, e esse momento será uma aprendizagem pastoral”. 

Segundo Pe. Vanildo, é preciso a oportunidade que a pandemia oferece para crescimento e amadurecimento. Assim, a Igreja precisa ficar atenta aos sinais dos tempos e ter a coragem de se reinventar quantas vezes forem necessárias.

Como em várias fases difíceis do cristianismo, hoje somos convidados a ouvir o Espírito Santo. É preciso praticar a conversão pastoral, saindo da pastoral de manutenção. É preciso sair da Síndrome de Nicodemos, da indisposição de sair das suas concepções velhas e arcaicas, não querendo nascer de novo (cf. Jo. 3)”.

Ainda segundo o palestrante, a pandemia obriga a todos a não apenas pensar diferente, mas a agir diferente.

A conversão pastoral não pode ser apenas metodológica, mas começa no nosso coração, na nossa mudança de mentalidade. Enquanto não mudarmos o nosso jeito de ‘ser pastores’, o nosso jeito de ser igreja, continuaremos com ‘puxadinhos’ aqui e ali, sem grandes resultados de acordo com as demandas de hoje. Há um equívoco no qual muitas vezes caímos que é o de mudar apêndices, sem começar de nós mesmos”. 

Pe. Vanildo usou duas imagens para ilustrar o tempo que o mundo tem vivido: a do Êxodo e a do Exílio.

O êxodo nos traz a ideia de transição e passagem, que é o que estamos vivendo; traz-nos a ideia de focar no essencial, vendo o que eles levaram para a viagem e travessia (sentimento de desapego); há um protagonismo de Deus na caminhada, ou seja, não confiarmos apenas nas nossas eficiências como projetistas pastorais, mas é Deus quem vai conduzindo; há uma reorganização da vida comunitária sobre as bases da justiça e da fraternidade, isto é, a reorganização passa por uma ética de justiça social. Já o Exílio foi uma experiência drástica na história do Povo de Deus. Do Exílio aprendemos que na dificuldade a Glória de Deus deixa o templo, aprendemos a centralidade da Palavra de Deus e aprendemos a resistência e a força para a reconstrução”.

Pe. Vanildo apresentou alguns desafios do momento atual, que exigem seriedade, decisão e coragem: 

o protagonismo dos leigos: sair de um modelo clericalizado, onde tudo depende do padre. A pandemia colocou padres e leigos frente aos mesmos problemas e desafios existenciais e pastorais. É preciso fazer uma releitura da eclesiologia sob o prisma da categoria “povo de Deus”, tão esquecida. 

uma Igreja samaritana a serviço da vida: a crise pandêmica expôs as vulnerabilidades existenciais e sociais. O perigo de morte está bem próximo de todos. É urgente que se priorize a defesa da vida plena para todos. O resto pode esperar.

A centralidade do essencial: os excessos nos atrapalham, tornam pesada a vida Vive-se um colapso geral e um ativismo (Síndrome de Marta). A vida cristã tem se sustentado, em muitos casos, à revelia das complicadas estruturas pastorais. Precisamos pensar: o que é o essencial? Qual é o nosso essencial?

O lugar preferencial dos pobres: há um empobrecimento da população, exigindo da Igreja uma nova consciência social e novas maneiras de conceber as relações humanas e o acesso de todos aos bens necessários. É preciso passar da assistência à justiça social. Recursos há; o que falta é a justa distribuição. Os pobres devem estar no centro da nossa ação pastoral.

A força transformadora da Liturgia: o terreno da Liturgia foi um dos mais afetados nesse tempo de pandemia. A pandemia ajuda a pensar o lugar da Liturgia na vida cristã e a necessidade de haver uma fecunda interação entre oração, vida e cotidiano. 

A sacramentalidade da Palavra de Deus: somos a Igreja da Palavra e do Pão. É preciso avançar na consciência da sacramentalidade da Palavra. Ela é alimento, “pão da vida” para os fiéis (cf. DV, 21). Ela não é suplente dos sacramentos.

A missionariedade e a Igreja em saída: a missão define a essência da Igreja. Passar da concepção de missão como movimento (programática), mas como jeito de ser Igreja (paradigmática). Igreja da presença, da acolhida, do cuidado, do afeto junto às famílias.

A importância das novas mídias: há uma nova cultura, a digital, que muda a linguagem, mentalidade e hierarquia de valores. Estamos interligados continuamente. É preciso uma formação do clero e dos cristãos, não resumindo a Pastoral da Comunicação a uma pastoral da técnica.

Durante a exposição os participantes tiveram diversas ocasiões de interagir, ampliando a reflexão.

Dom Majella sugeriu um nono desafio, o cuidado ecológico com a casa comum, que está enferma e provocando enfermidades. E concluiu a reflexão deixando para casa presbítero e diácono presente um questionamento a ser assumido individualmente: E agora, o que devo fazer? Qual é o meu papel?

Com informações do

Pe Andrey Nicioli em

http://arquidiocesepa.org.br/

 

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