Paz e Esperança para todos

Braso D. Pedro

Ao iniciarmos mais um ano, dentro da oitava de Natal, celebramos a Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima. Este é um dia de expressão de fraternidade e paz. Maria é a Rainha da paz, pois trouxe em seu ventre o príncipe da paz. Toda a Igreja se associa ao canto de Maria na solene liturgia, bendizendo o Deus da vida que, por meio do “sim” de sua mãe, realizou suas maravilhas em toda a humanidade. Desde 1968, quando São Paulo VI proclamou o dia primeiro de janeiro como Dia Mundial da Paz, a Igreja através dos tempos, na voz do Santo Padre, estende o convite aos cristãos para que sejam construtores da paz, contra toda forma de violência; propondo relações mais humanas e fraternas marcadas pelo amor. A primeira benção do ano também é uma invocação da paz de Deus aos seus filhos e filhas.

Papa Francisco escolheu para a celebração do Dia Mundial da Paz, o seguinte tema: “Diálogo entre gerações, Educação e Trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura”. Num contexto de obstáculos e provações em que se encontra a humanidade na construção de uma civilização do amor e da paz, a mensagem do Santo Padre ecoa repleta de esperança, pois se há muitas formas de guerra no mundo, a mensagem cristã que nasce do Evangelho, sempre atinge o coração do homem, que é a raiz de toda transformação pessoal e social. A paz almejada só será possível através do diálogo e de uma ética global solidária. O caminho da paz sempre visa o desenvolvimento integral do homem, como sempre destacou São Paulo VI, e este não ocorre fora do diálogo, da educação e do trabalho. Portanto, eles devem estar sempre interligados. Dialogar é também caminhar juntos, ouvir o outro e cultivar sementes de uma paz duradoura, isto é, que perpasse as gerações; pois cada geração tem algo a ensinar e aprender.

A pergunta fundamental que devemos nos colocar é: como construir um caminho de paz? Muitas vezes somos tentados a pensar a paz no seu aspecto puramente objetivo, fora de nós mesmos. Mas um olhar autêntico e corajoso nos leva a refletir sobre o desejo de paz como algo inscrito no coração do homem; esta é a marca do criador em cada um de nós. Daí parte o convite universal do Santo Padre ao traçar um caminho complexo, mas possível, para a paz. Para atingirmos tal objetivo precisamos apelar à consciência moral, aliada a uma vontade pessoal e política. Tal fato supõe a busca da verdade que ultrapasse ideologias e divisões, que observa o respeito ao direito de cada um como medida para atingirmos o bem comum, baseado na justiça para todos; como deve ser toda sociedade que se diz democrática.

Por fim, o cristão não pode se eximir da busca de uma ordem justa e do serviço ao bem comum, através de valores autenticamente evangélicos. Este é um caminho que requer paciência e confiança, pois sabemos que não existe uma paz acabada e duradoura. Ela é uma construção permanente. Como sempre cantamos ao raiar de um novo ano: “este ano quero paz no meu coração...”. Eis uma motivação que gera em nós atitudes e palavras, que faz de cada um verdadeiro artesão da justiça e da paz. Feliz ano novo, repleto de saúde e paz para todos. Frutuosas bênçãos.

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A Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II, recomenda vivamente a leitura assídua da Sagrada Escritura. Exorta todos os fiéis cristãos, religiosos e consagrados a esta frequente leitura (cf DV, 25). Como seria possível viver sem o conhecimento das Escrituras, se é por elas que se aprende a conhecer o próprio Cristo? Se de um lado a Bíblia nos ajuda a conhecer mais a figura e a pessoa de Cristo; de outro, ela ajuda a entender e aprofundar aquilo que vivemos em Cristo, isto é, ela nos ajuda a decifrar o sentido de nossa vida cristã. Por isto, a leitura orante da Palavra de Deus, também chamada de sentido espiritual, nos ajuda a descobrir como a Palavra de Deus, dita em linguagem humana, continua a nos falar no hoje de nossas vidas. Aqui reside a inesgotável riqueza e atualidade da Palavra de Deus.

A cada leitura atenta da Bíblia, percebemos a inesgotável riqueza da Palavra de Deus. O povo cristão procura e encontra na Bíblia “o conhecimento de Deus e do homem e o jeito pelo qual o justo e misericordioso Deus trata com os homens” (DV, 15). Podemos dizer que ela é a revelação da graça e da misericórdia de Deus (cf DV, 2).

A importância e significado primeiro da Bíblia está no fato de Deus se revelar, isto é, de se dar a conhecer no diálogo que estabelece conosco. Ele nos fala como a amigos e nos convida à comunhão com Ele. Mas não podemos nos esquecer que uma autêntica leitura da Bíblia deve ser sempre acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o já mencionado colóquio entre Deus e nós. Neste sentido, é que vemos crescer cada vez mais entre os fiéis, a leitura orante da Bíblia. No silêncio e na oração, ouvimos Deus que nos fala. Assim, o mesmo Espírito que falou por meio dos Profetas, sustenta e inspira a Igreja no dever de anunciar esta mesma palavra acolhida e meditada. O testemunho e o anúncio da Palavra de Deus é a melhor forma de o homem responder à iniciativa de Deus que vem ao seu encontro e dialoga através de suas palavras (cf VD, 24).

A Conferência dos Bispos do Brasil, através da comissão episcopal para a animação bíblico-catequética, propõe a leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas, cujo tema é: “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 28). Nesta carta o Apóstolo Paulo destaca o valor da unidade de todos os cristãos, sejam estes de origem judaica ou pagã; já que pelo batismo somos todos filhos e filhas de Deus. Justificados pela fé, vivemos uma só unidade em Jesus Cristo. Todos os cristãos são filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo, porque no batismo somos todos revestidos de Cristo (Gl 3, 27). O batismo nos faz novas criaturas em Cristo e, assim, somos incorporados no único corpo de Cristo.

Ao comemorarmos os 50 anos do Mês da Bíblia no Brasil, a leitura e reflexão da Carta de São Paulo aos Gálatas devem inspirar nossas comunidades eclesiais a renovarem o espírito de acolhida, unidade e reconciliação. “Aquele que recebe o ensinamento da Palavra torne quem o ensina participante de todos os bens. Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos da família da fé” (Gl 6, 6.10).

Numa época de urgente cuidado e abertura ao outro, a leitura e medição deste livro poderão auxiliar na superação do indiferentismo; indispensável aos membros do Povo de Deus e para um autêntico anúncio da Palavra, pois ela se torna eficaz quando traduzida no amor e no serviço ao próximo, sobretudo aos mais vulneráveis.  Amar o próximo é, num só tempo, a prova de que temos fé e o resumo de toda moral (Gl 5, 6-7). “Deus que não é indiferente, intervém na história a favor do homem e da sua salvação integral” ( Verbum Domini, 23).

Que o lançamento da semente da Palavra de Deus encontre terrenos férteis, a fim de fecundar o coração de todos, favorecendo o surgimento de uma humanidade renovada, aberta a Deus e aos irmãos.

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