Por uma ecologia integral: desafios e perspectivas

Braso D. PedroNo término do mês missionário houve a conclusão do Sínodo para a Amazônia, cujo tema foi: “Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Mesmo aguardando a promissora “Exortação pós-sinodal”, vale a pena aprofundar as considerações finais ou destaques do Documento Final do referido Sínodo. O primeiro destaque fala das quatro conversões, a saber: pastoral, cultural, ecológica e sinodal. Nelas transparecem um corajoso olhar da Igreja para si mesma, destacando a abertura para o diálogo com as várias expressões culturais e religiosas na região amazônica; motivada por uma inculturação à luz da Palavra de Deus e do itinerário eclesial panamazônico.

Outro destaque que merece um olhar atento é a reafirmação da natureza missionária da Igreja. Não podemos entender tal natureza como um elemento estranho à fé, e nem mesmo como um puro ativismo, pois a missão faz parte da essência da Igreja. A Igreja é missionária. “Não podemos guardar para nós as palavras de vida eterna que recebemos no encontro com Jesus Cristo: são para todos, para cada homem. Cada pessoa do nosso tempo tem necessidade deste anúncio” (Verbum Domini, 91). Devemos sonhar com uma Igreja toda missionária. O Sínodo propôs também revigorar na Igreja a consciência missionária, responsabilizando todos os batizados ao anúncio do Reino de Deus; já que a missão deriva diretamente do batismo. Neste sentido, o Sínodo propõe um caminhar juntos, sobretudo com as pessoas que vivem em condições extremas de abandono e exclusão. O propósito do Papa com os padres sinodais não é outro que o diálogo, de forma concreta, com as pessoas nas mais variadas situações e complexas realidades. São novos caminhos para desenvolver a evangelização no contexto amazônico, com a transmissão da fé, combatendo as desordens e explorações ambientais e humanas.

A valorização da cultura local não pretende desconsiderar a novidade do Evangelho e as sementes do Verbo (semina verbi) já presentes nela, levando-a a uma dimensão ainda mais plena, pois o Evangelho traz sempre uma nova proposta ao homem de cada época. Os desafios pastorais e ecológicos foram prioritários, e encontram uma iluminação à luz do Evangelho mesmo; já que foram tratados numa perspectiva de fé. É oportuno recordar aqui o pronunciamento do Papa Francisco no “Angelus” do domingo do encerramento do Sínodo: “É a novidade do Evangelho que renova todas as culturas. O Evangelho não se identifica com nenhuma destas expressões, mas renova todas elas. Não existe uma cultura pura, que purifica as outras; existe o Evangelho puro, que se incultura”. Cabe a cada um levar esta novidade a todos os cantos da Terra, por meio de um testemunho de vida. A atuação de muitos diáconos permanentes, além de inúmeros leigos e leigas que já exercem um protagonismo evangelizador naquele território, será de suma importância nesta empreitada.

Por fim, creio que todos nós aprendemos muito com o Sínodo para a Amazônia; não só porque este partiu de um novo lugar teológico, como também pelo fato de nos fazer olhar de forma ampla e renovada para o problema da devastação ambiental e sua ocupação desordenada, da necessidade de integrar o homem com a natureza (Ecologia integral), uma pastoral mais presencial do que transitória, sempre escutando o grito dos povos nativos. O mérito deste marcante e inovador evento da Igreja, com sua sinodalidade e intereclesialidade, certamente nos fará refletir e perceber que precisamos de uma agenda de sustentabilidade ambiental; assim como a questão fundiária do Brasil não pode prescindir de uma autêntica Ecologia ambiental e humana. São desafios que não podem arrefecer em nós a esperança de um mundo melhor ainda hoje, e para as futuras gerações.

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