O Cristão Leigo numa Igreja “em saída”. Os frutos do Ano do Laicato

Braso D. PedroNo próximo dia vinte e cinco de novembro, na Solenidade de Cristo Rei, estaremos encerrando o Ano do Laicato, que teve como tema: “Cristãos Leigos e Leigas, sujeitos na Igreja e na sociedade. Sal da terra e luz do mundo(Mt 5, 13-14)”. O propósito deste ano foi o de retomar e aprofundar a participação dos leigos e leigas na Igreja à luz do Concílio Vaticano II que destacou a variedade de ministérios, carismas e serviços. A Igreja como Povo de Deus deve ser vista a partir do sacerdócio comum dos fiéis e do sacerdócio ministerial ou hierárquico; embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; “pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo” (LG, n.10).

Na verdade, o que o episcopado do Brasil quis propor é que cada fiel tome consciência do papel ativo na Igreja e no mundo. Retomar e reafirmar o papel significativo dos fiéis leigos como Povo de Deus e sujeitos ativos da missão evangelizadora ou protagonistas de uma sociedade mais humana e justa, foi o objetivo central do tema proposto durante este rico ano. Não é por nada que Papa Francisco tem lançado um vigoroso apelo a todo Povo de Deus que saia para evangelizar; estar sempre em saída ou deixar nossa zona de conforto. Assim, toda a Igreja é convidada a levar os homens e mulheres ao encontro com o Cristo vivo, pois ela está inserida no mundo como sinal da salvação e como servidora da humanidade. Todos nós somos chamados a superar qualquer tentativa de contraposição entre Igreja e mundo. No mundo e na Igreja, o mesmo povo vive sua dignidade e exerce sua missão (Cf. ChL, n.15).

Se de um lado o legado do Concílio foi aquele de propor uma leitura da realidade a partir da fé; de outro, a consciência desta missão evangelizadora requer uma postura de diálogo com as realidades concretas em que a Igreja está inserida. Tal postura exige uma autêntica e permanente conversão dos sujeitos cristãos, em cada tempo e situação. Essa cultura do encontro e da solidariedade constitui o antídoto à cultura individualista hoje reinante (Cf. EG, n.115), além de possibilitar a evangelização. Todos são, pelo batismo, sujeitos ativos de evangelização.

Portanto, a evangelização é dever da Igreja. Não cabe mais atribuir esta missão somente aos ministros ordenados. Daí o tema proposto assinalar perspectivas que ajudem a superar o clericalismo, o individualismo ou o comunitarismo que fecha o cristão em um grupo eclesial, sem a necessária abertura ao outro ou ao mundo. A igreja não é chamada a ser uma ilha isolada, mas uma Igreja dos seguidores de Jesus Cristo, da escuta, do diálogo e do encontro, a fim de que possa servir como testemunha de Cristo e gerar força que transforme o mundo na dinâmica do amor de Cristo (cf. EG, n. 27-33). Ela vive para evangelizar. É o cristão que se coloca na escuta do Espírito Santo para transformar o mundo na direção do Reino de Deus. Que os frutos deste ano possam nos ajudar na formação de muitos leigos e leigas como sujeitos eclesiais que assumam, com autenticidade, o seu discipulado missionário na Igreja e no mundo. 

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