VIGÍLIA PASCAL: Ó NOITE DE ALEGRIA VERDADEIRA QUE O CÉU E A TERRA INTEIRA

DSC00282Na noite de sábado santo, D. Pedro Cunha Cruz presidiu a solene Vigília Pascal na Catedral Santo Antônio. A celebração foi concelebrada pelo pároco e chanceler do bispado, pe. Luzair Coelho de Abreu. Cantou a celebração, o Coral Catedral, sempre presente nos momentos importantes da vida litúrgica da paróquia.

 

Um pouco de história

Temos notícia da primeira celebração pascal em 1Cor 5, 7-8. As primeiras informações da celebração anual da páscoa são do século II. Nessa época, os cristãos faziam vigília até o canto do galo, certamente lendo as escrituras, principalmente o capítulo 12 do Êxodo, como é possível observar em várias homilias pascais dos primeiros padres e, portanto, fazendo memória de Cristo realizando o ágape. Nos séculos IV e V, o centro da liturgia pascal deixa de ser Ex 12 (imolação do cordeiro) e passa a ser Ex 14-15 (travessia do Mar Vermelho). Segundo Santo Agostinho, a páscoa é a passagem, mas passagem do Senhor, que, através da paixão, chega à vida, levando a ela todos os que creem na sua ressurreição. A celebração da vigília, tal como conhecemos hoje foi reformada pelo missal de Pio XII e pelo Vaticano II.

 

A celebração

Antes do início da celebração, o grupo de seresta Luar, fez uma apresentação do cancioneiro popular, ao redor da fogueira armada no adro da Catedral, na bela noite de lua cheia.

Com a Liturgia da Luz, tem início a celebração da Vigília Pascal. Celebra-se a luz do mundo que é Cristo ressuscitado. O bispo faz a bênção do fogo novo e a preparação do Círio Pascal. Coloca-se no círio cinco grãos de incenso, simbolizando as cinco chagas que Cristo sofreu. Após esse momento, o bispo tomou o círio e adentrou a Catedral entoando “Eis a luz de Cristo!”. Após colocar o círio no suporte e incensa-lo, Dom Pedro entoou solenemente o Exultet.

O Exultet é um canto muito antigo. Ele é conhecido também como Proclamação da Páscoa. No Exultet, a Igreja pede que as forças do céu exultem a vitória de Cristo sobre a morte, passando pela libertação do Egito e até mesmo agradecendo a Adão pelo seu pecado "indispensável", pois as consequências de tal pecado foram o motivo da vinda de Cristo. As ideias centrais desse canto são tiradas dos pensamentos de Santo Agostinho e de Santo Ambrósio.

Durante a Liturgia da Palavra, antes da leitura do Novo Testamento é entoado o Hino de Louvor. Depois da Quaresma, tempo de reflexão e penitência, o momento é celebrar a alegria da Ressurreição. É o hino de louvor e adoração ao Cristo vivo. Neste momento são acesas as velas que estão dispostas no presbitério. E antes da proclamação do Evangelho, D. Pedro entoou solenemente o Aleluia! É o grande de explosão de alegria! O aleluia, que não é cantado durante toda a quaresma, agora é entoado de maneira vibrante.

Na Liturgia Batismal, o bispo invoca o Espírito Santo para que abençoe a água que será utilizada no Batismo e para aspergir a assembleia litúrgica. O costume de se batizar na noite pascal é muito antigo na tradição católica. Batismo é o novo nascimento, é a participação do cristão na paixão, na morte e ressurreição de Jesus. Ser batizado na Vigília Pascal é participar, de maneira muito especial, da celebração do ministério pascal. A passagem da morte para a vida, simbolizada e efetuada pelo batismo. Na celebração da Vigília, D. Pedro ministrou os sacramento de Iniciação Cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia) ao jovem Ezequiel; a jovem Raquel foi Batizada e fez sua primeira Eucaristia.

 

A homilia episcopal

“Agradeço a Deus por tonar essa celebração tão rica, tão importante para a Igreja e para nossa fé. Ela se torna mais completa ainda quando nós temos alguns catecúmenos que, como na Igreja primitiva, se prepararam durante todo o tempo da quaresma e, nesta noite, recebem os Sacramentos da Iniciação Cristã. E aqui eu faço a menção ao Ezequiel e à Raquel. Quero agradecer aos catequistas que introduziram esses nossos jovens no mistério de Cristo.”

“A Liturgia da Palavra nesta noite santa, nos conduz à centralidade da fé cristã. Por isso, ano passado fiz uma observação, quando presidi a primeira vez a Semana Santa aqui Campanha: participem do Tríduo Pascal! [...] Precisamos despertar os fiéis para o sentido do mistério! [...] Esta celebração é a mais bonita do calendário litúrgico. É chamada pelos santos padres da Igreja de “a Vigília das Vigílias”. Todas as vigílias que são feitas na paróquia, muitas vezes os grupos de espiritualidade das paróquias pedem autorização para realização de uma noite de vigília na presença do Santíssimo Sacramento, e eu autorizo, essas pessoas passam a noite em oração até a primeira missa da manhã do dia seguinte. Nenhuma vigília feita na igreja consegue suplantar esta Vigília Pascal. As pessoas ou os grupos que fazem vigílias ao longo do ano, e não participam desta vigília, não despertaram para a importância da participação nesta noite.”

“Toda a história da Salvação que foi lida, e nós ouvimos, converge para este clímax. Nós temos as várias imagens prefigurativas que nós cantamos no Exultet. [...]”

Ao alvorecer do dia depois sábado as mulheres foram ao sepulcro e ouviram do anjo: ‘Não tenhais medo!’ A morte geralmente nos assusta. Jesus foi encontrá-las e disse: ‘Alegrai-vos! Não tenhais medo! Alegrai-vos’. E ainda acrescentou: ‘Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia’. E a notícia espalhou-se. Jesus ressuscitou como havia predito. Na Galileia eles haverão de ver o ressuscitado. Diante de toda essa situação difamatória que vivemos no dia de hoje, muitos bispos me mandaram mensagens: ‘Dom Pedro, não tenha medo! Coragem! É a páscoa do Senhor Jesus que vai dar a resposta a tudo aquilo que se opõe como sinal contraditório à cruz de Cristo’ E Jesus fala duas vezes: ‘Calma, calma’. E aquele ‘calma’ da pessoa não nos deixa tranquilo. E, aos poucos, a pessoa vai se acalmando. E é assim que Jesus fala com as mulheres que estavam um pouco aflitas. Mas se nós usássemos nossa força para correr, trombetear pelos cantos a beleza dessa mensagem boa, que é a Ressurreição do Senhorconseguiríamos divulgar a todos os cantos, a boa notícia que começou na noite de sábado, na missa da vigília que você perdeu, uma riqueza simbólica, o mistério que vai acontecendo diante de nós e nós vamos percebendo cada vez mais a beleza e a grandeza desse mistério. “

 

O Círio Pascal

Um símbolo que nos acompanha durante todo o tempo da páscoa, da celebração da Vigília Pascal até Pentecostes, é o Círio Pascal, uma grande vela que representa a luz de Cristo que vence as trevas. A palavra círio significa vela.

O Círio Pascal provém do costume romano de iluminar a noite com muitas lâmpadas. Essas lâmpadas passam a ser símbolo do Senhor Ressuscitado dentro da noite da morte. Originalmente, o círio tinha a altura de um homem, simbolizando Cristo-luz que brilha nas trevas. Os teólogos francos e galicanos (ambas regiões formam hoje a França) enriqueceram essa grande vela com elementos simbólicos. Aparecem assim as inscrições de Cristo, ontem e hoje, Princípio e Fim, e a primeira e a última letra do alfabeto grego (alfa e ômega). Coloca-se ainda o ano litúrgico corrente, pois Cristo é o centro da História e a ele compete o tempo, a eternidade, a glória e o poder pelos séculos. Em um processo de enculturação litúrgica, alguns círios são produzidos com as letras A e Z (do alfabeto latino) e não com as letras alfa e ômega.

Fotos por Bruno Henrique

 

 

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