Sexta-feira da Paixão - A doação total de Jesus pela humanidade

 

P1050401Os fiéis de Campanha reuniram-se na Catedral Santo Antônio para a solene Celebração da Paixão do Senhor. A celebração foi presidida pelo bispo diocesano, D. Pedro Cunha Cruz e concelebrada pelo pároco e chanceler diocesano Pe. Luzair Coelho de Abreu e Pe. Edson Pereira de Oliveira, vigário paróquia e magnífico reitor do seminário propedêutico São Pio X.

Na Sexta-Feira da Paixão, é o único dia do ano onde os católicos não celebram a Eucaristia, porque a Igreja tem esta longa tradição de não celebrar missa na Sexta-Feira Santa. A Igreja contempla Cristo que, morrendo, se oferece como vítima ao Pai, para libertar toda a humanidade do pecado e morte.

O centro de toda a celebração é a proclamação da Paixão, retirada do Evangelho de João. Na estrutura da Semana Santa, é a segunda proclamação da Paixão: no domingo de Ramos é proclamada a paixão de um dos sinóticos (referente ao ano litúrgico correspondente). Após a proclamação da Paixão e meditação, é feita a oração universal: a Igreja abre os braços e o coração para realizar uma oração de intercessão pela salvação do mundo. Na sequência é feita a adoração da cruz pelo clero e pelos fiéis presentes. Como já mencionado, hoje não há consagração, e sim distribuição da eucaristia consagrada na celebração de quinta-feira. E, por fim, o presidente despede dos fiéis sem bênção final.

O Coral Catedral, sempre presente nas solenes celebrações, entoou os cantos litúrgicos apropriados para a ocasião.

 

A homilia do bispo

“São muitos os sinais que nós estamos experimentando, desde a celebração de ontem [quinta-feira] a noite, em que eu falei para vocês que o mistério de amor de Cristo por nós foi celebrado de duas maneiras: de uma forma humilde, no ato em que ele lavou os pés dos discípulos, fazendo um gesto concreto de Seu amor, para que não ficasse apenas na teoria; e um segundo sacramental institucional, que é o Sacramento do Amor, que ainda ontem nós celebramos, excetuando o dia de hoje – único dia em que a Igreja não celebra a Eucaristia e sim a Paixão de Cristo, através da meditação dos últimos momentos da vida de Cristo na face da terra. [...] Hoje esse sinal torna-se mais para nós mais forte e visível para nós. Se Jesus deu um gesto concreto desse amor ontem à noite, que, na verdade, tem seu sinal da humildade, porque Deus encontra nessa lógica da humildade para enviar seu filho a cada um de nós, que nasce despojado e morre tão humilhado, e tão desprezado pelos homens, tão desfigurado que não tinha nem aparência de homem, como nos relata o profeta Isaías no Cântico Sofredor [I Leitura].”

“Hoje, paira um silêncio, não somente externo, mas também interior, onde cada um, através desse silêncio medita o mistério da cruz do Senhor, da morte de Jesus. E também, através desse silêncio, fazemos de forma orante, agradecendo por tudo aquilo que Deus fez a nosso favor, dando-nos tudo o que tinha, que Ele poderia nos conceder, que é seu Filho Unigênito. Gosto muito desta expressão: Filho Unigênito. Ela indica que Jesus é o único filho que Deus gerou desde a eternidade,mas é a única e mais valiosa coisa que Deus poderia nos conceder. Jesus é o mistério do amor, o mistério que se torna carne e que hoje morre por nós.”

“Quatro temas deixo para vocês meditarem até o final do dia de hoje que eu dou como pistas para reflexão, depois de vocês adorarem a cruz e também participarem da procissão do Senhor morto: humilhação, exaltação, glorificação e salvação. São essas quatro ideias fundamentais que nós podemos tirar da celebração de hoje. Deus nunca permite que um homem justo permaneça continuamente na humilhação. Se o justo é humilhado, virá sempre a resposta de Deus que eleva esse mesmo humilhado.”

“Meditamos hoje a paixão. Mas o que é essa paixão? A paixão significa um coroamento da vida terrena de Jesus por tudo aquilo que fez. Ele tem consciência! ‘Eu falei, não falei às escondidas, falei publicamente nas sinagogas e nos templos. Por qual das coisas que falei ou fiz vós quereis me condenar?’ Jesus sabe que a única coisa que pode leva-lo ao drama da cruz e da morte foi tudo aquilo que ele falou em conformidade e comunhão com a vontade do Pai; e todo bem que Ele quis realizar em nosso favor, como nós cantamos no Salmo 115 [entoado na quinta-feira santa]: que poderei retribuir ao Senhor por todo bem, por toda graça que ele fez, como poderei retribuir ao Senhor? Somente elevando o cálice da salvação e invocando, portanto, o seu nome santo. Então Jesus sabe, sem dúvida alguma, que sua consciência não o acusa de absolutamente nada de errado que tenha feito. É aquela tranquilidade que Jesus tem na consciência; Jesus não tem objeção na consciência de estar falando ou fazendo alguma coisa em contrariedade à sua consciência e vontade do Pai. Nós somos capazes disso!”

“A outra frase de Jesus, que me chama muito a atenção na meditação de hoje, de João 18, 11 é: ‘Não vou beber o cálice que o Pai me deu? Guarda e espada na bainha! O meu Reino não é desse mundo!’ O Reino de Jesus não é o reino da violência, da cultura de morte! Jesus realiza plenamente o plano de Deus em favor da humanidade: Ele sabe disso! A cruz, que é o maior escândalo, Jesus não está preocupado com o escândalo que possam fazer com seu nome, com a difamação que possam fazer de sua pessoa. Ele está com sua consciência tranquila porque está em comunhão constante com o Pai. Ele sabe que acima de qualquer vontade humana, ele tem que cumprir o plano salvífico do Pai. ‘Se tiver que beber esse cálice eu vou beber! Mas eu não serei como um homem  inverídico, medroso, mentiroso e covarde!’. Seu lado aberto de sangue e água que vão jorrar é um sinal da entrega total e sem reserva de Jesus! É um ato de puro amor! Nós podemos dizer que o sangue mais salutar e a água mais pura que jorraram sobre a face da terra foi de Jesus! Porque ali é um amor entregue por nós a 100%. Não foi um amor dividido, de usura! Que, na continuidade desta celebração, possamos todos nós, no silêncio respeitoso e adorador do nosso beijo na cruz de Cristo, que para nós não é sinal nem de vergonha, nem de escândalo, mas de alegria, de exultação, de salvação, possamos retribuir com esse simples gesto humano, a beleza e a grandeza desse ‘por amor’, que Deus tem por cada um de nós, desse amor que só sabe amar e só que amar, expresso na pessoa de seu filho Jesus Cristo.”

 

Sermão do Descimento da Cruz e Procissão do Enterro

Na sexta-feira, às 20h, os fiéis da Paróquia Santo Antônio reúnem-se no adro da Catedral Santo Antônio para o tradicional Sermão do Descimento da Cruz. Neste ano, o sermão foi realizado pelo pároco da paróquia Santa Maria de Baependi, cônego José Douglas Baroni. Durante o sermão, é realizado simbolicamente a retirada de Jesus da Cruz e a imagem do crucificado é colocado no esquife que irá acompanhar a procissão.

Durante a procissão, o Coral Campanhense entoa cânticos barrocos tradicionais:

 

- O Canto da Verônica

O vos omnes qui transitis per viam atendite et videte si est dolor sicut dolor meus’

‘Oh vós todos que passais pelo caminho, vinde e vede: se há dor semelhante à minha’

O canto da Verônica é inspirado no Livro das Lamentações, 1, 12

https://youtu.be/uxNp16YuRJ8

 

- Canto das Behús, ou Três Maria,

‘Heu! Domine, Salvatore noster’

‘Senhor, nosso Salvador’

https://youtu.be/n33yyP5fZOs

 

-Pupille (música de Manoel Dias de Oliveira)

‘Pupille facti sumus absque patre, matres nostrae viduæ.’

Órfãos, fomos privados de nosso pai e nossas mães são como viúvas..

https://youtu.be/ZPukgps_FRM

Fotos por Bruno Henrique

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