Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

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“A busca da unidade ao longo de todo o ano”

Desde domingo, nossas comunidades, nesta semana de preparação para Pentecostes, também se movimentam nesta ação de unidade eclesial chamada “semana de oração pela unidade dos cristãos”. A cada ano, a urgência da promoção da unidade se torna um dever a ser assumido, pois é lamentável se deparar com a divisão erguida em nome de Deus. Como cristãos, nossa missão é buscar sempre a unidade.

Promovida mundialmente pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) acontece em períodos diferentes nos dois hemisférios.

No hemisfério Norte, o período tradicional para a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) é de 18 a 25 de janeiro. Essas datas foram propostas em 1908, por Paul Watson, pois cobriam o tempo entre as festas de São Pedro e São Paulo, e tinham, portanto, um significado simbólico.

No hemisfério Sul, por sua vez, as Igrejas geralmente celebram a Semana de Oração no período de Pentecostes (como foi sugerido pelo movimento Fé e Ordem, em 1926), que também é um momento simbólico para a unidade da Igreja. No Brasil, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) lidera e coordena as iniciativas para a celebração da Semana em diversos estados.

Levando em conta essa flexibilidade no que diz respeito à data, estimulamos a todos os cristãos, ao longo do ano, a expressar o grau de comunhão que as Igrejas já atingiram e a orar juntos por uma unidade cada vez mais plena, que é desejo do próprio Cristo (Jo 17,21).

Neste ano, com o tema “A mão de Deus nos une e liberta” , o Conic traz uma mensagem aos cristãos das diversas denominações no Brasil sobre a crise migratória e a escravidão que dela brota, que assola tantos povos e, em particular, este ano, refletindo-a no Caribe. Eis a mensagem:

“Hoje os cristãos caribenhos de diferentes tradições veem a mão de Deus agindo para terminar com a escravidão. É uma experiência de união em torno da ação salvadora de Deus que leva à liberdade. Por essa razão, a escolha do canto de Moisés e Miriam (Ex 15, 1-21) como motivação na Semana de Oração pela Unidade Cristã em 2018 foi considerada muito adequada. É um canto de triunfo sobre a opressão. Esse tema foi assumido em um hino, A mão direita de Deus, escrito numa reunião de trabalho da Conferência Caribenha de Igrejas em agosto de 1981, e que se tornou marca do movimento ecumênico na região, traduzido para numerosos diferentes idiomas.

 Como os israelitas, os povos do Caribe têm uma canção de vitória e liberdade para cantar e é um canto que os une. No entanto, desafios contemporâneos de novo ameaçam escravizar e de novo ameaçam a dignidade do ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Embora a dignidade humana seja inalienável, ela fica frequentemente obscurecida tanto por pecados pessoais como por estruturas sociais pecaminosas. Em nosso mundo decaído, as relações sociais muitas vezes não têm a justiça e a compaixão que honram a dignidade humana. Pobreza, violência, injustiça, o vício das drogas e da pornografia e a dor, o desgosto e a angústia gerados por tudo isso são experiências que distorcem a dignidade humana.

 Muitos dos desafios contemporâneos são em si mesmos o legado de um passado colonial e do comércio de escravos. O ferido sentimento coletivo se manifesta hoje em problemas sociais relacionados à baixa autoestima, violência doméstica e de grupos, e relações familiares prejudicadas. Embora seja um legado do passado, esses aspectos são também exacerbados pela realidade contemporânea que muitos caracterizam como neocolonialismo. Sob tais circunstâncias parece quase impossível para muitas das nações dessa região escapar da pobreza e do endividamento. Além disso, em muitos lugares existe um sistema legislativo residual que continua a ser discriminatório.

 A mão direita de Deus, que tirou o povo da escravidão, deu contínua esperança e coragem aos israelitas, assim como continua a trazer esperança aos cristãos do Caribe. Eles não são vítimas de circunstâncias fora de controle. Testemunhando essa esperança comum, as Igrejas estão trabalhando juntas para prestar serviço a todos os povos da região, mas particularmente aos mais vulneráveis e negligenciados. É o que vemos nas palavras do hino: “a mão direita de Deus está semeando em nossa terra, plantando sementes de liberdade, esperança e amor”.

Rezando e trabalhando em prol da unidade, de modo que os cristãos sejam sal da terra e luz do mundo nos tempos de crise, lutando pela dignidade da vida humana, celebremos esta semana.

Pe. Guilherme da Costa Vilela Gouvea

Assessor para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso

 

Explicação do cartaz: traz pessoas em barcos que simbolizam, sobretudo nesses tempos de crise migratória, pessoas refugiadas que vivem cada vez mais à deriva dos poderes constituídos. Em muitos casos, sem políticas sociais que possam devolver a elas a dignidade roubada, essas pessoas são submetidas a situações de trabalho análogas à escravidão ou, então, comercializadas como escravas. A arte alude, por um lado, que muitas dessas pessoas refugiadas contam com a "mão" de Deus que, de uma forma ou de outra, as ampara. É também a mão de Deus, presente em águas revoltas, que nos movimenta a agirmos em favor de uma humanidade que não se conforma com a violação dos direitos humanos e da dignidade de irmãos e irmãs de diferentes culturas e etnias. O barco, símbolo do movimento ecumênico, também remete à comunidade cristã, que tem como desafio navegar, ecumenicamente, rumo à unidade. Entretanto, essa unidade almejada apenas será concreta se todas as pessoas tiverem acesso à justiça, o direito de viver em seus territórios de origem e o direito de viver sua cultura e espiritualidade.

Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2018:

http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/chrstuni/weeks-prayer-doc/rc_pc_chrstuni_doc_20170613_week-prayer-2018_po.html

 

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