DOM PEDRO PRESIDE A SOLENE VIGÍLIA PASCAL

Vigilia pascal 1A paróquia Santo Antonio, de Campanha, unida a toda a Igreja, realizou a solene vigília Pascal, presidida pelo bispo diocesano D. Pedro Cunha Cruz, concelebrada pelo pároco, Pe. Luzair Coelho de Abreu; e pelo vigário, Pe. Wendel de Oliveira Rezende, vigário paroquial e reitor do Seminário Propedêutico São Pio X. Participaram também, os Ministros da Comunhão da Paróquia e a Irmandade do Santíssimo Sacramento.

Pela sua importância, a Vigília Pascal possui uma estrutura diferente de uma missa habitual. Ela é composta de quatro liturgias: Liturgia da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal e Liturgia Eucarística. Antes da reforma litúrgica de 1955, era comum na paróquia Santo Antônio, os bispos (D. Ferrão e D. Inocêncio) presidirem a Vigília durante a manhã do sábado. É possível encontrar esses registros nos Livros de Tombo da paróquia. Após a reforma indicando que a vigília deve ser realizada após o poente, é que a vigília passou a ser celebrada a noite.

Durante a Liturgia da Luz, é abençoado o Fogo Novo e preparado o Círio Pascal que será utilizado ao longo do ano durante os sacramentos e nas solenidades. O fogo simboliza a luz de Cristo que sai do túmulo, é a imagem e símbolo de Cristo ressuscitado, luz do mundo. Após a preparação do Círio, forma-se a procissão da luz. Como o povo de Deus no deserto, guiado por uma coluna luminosa, os fiéis também em caminhada, são conduzidos pelo Círio Pascal, imagem de Cristo, luz da humanidade.

Após a procissão da luz, é entoado o Precônio Pascal (o canto do Exultet). Quem entoa o canto é o presidente da celebração, que pode delegar a um solista ou ao coro, no entanto, Dom Pedro optou por ele mesmo cantar o Exultet.

Na Vigília Pascal, a Liturgia da Palavra é um elemento forte. Nela celebra-se o Cristo que é Palavra do Pai, luz do mundo, e as leituras narram a história da salvação do povo Deus.

Durante a Liturgia Batismal é feito o batismo de catecúmenos, jovens e/ou adultos que foram preparados durante a Quaresma, para a recepção dos sacramentos de iniciação nesta vigília. Este ano foram batizados sete jovens, sendo que cinco deles receberam os demais sacramentos de iniciação cristã: Crisma e Eucaristia. A Liturgia Batismal inicia-se com a Ladainha de Todos os Santos, invocando que a Igreja celeste se una à Igreja terrestre, implorando o Dom do Batismo para aqueles que renascem da água. A solene bênção da água relembra e faz memória de todas as maravilhas operadas por Deus mediante a água. Em seguida, formou-se a procissão em direção à pia batismal da Catedral, onde os catecúmenos foram batizados. Após o batismo, aqueles que receberiam o sacramento da crisma, já no presbitério, foram ungidos por D. Pedro.

Prosseguindo a celebração, foi realizada a Renovação das Promessas Batismais, onde o fiel acende novamente sua vela, renova as promessas que um dia seus pais e padrinhos fizeram no dia de seu batizado e, na sequência, são aspergidos com a água batismal.

Os neófitos que receberiam a Eucaristia pela primeira vez, a receberam sob as duas espécies consagradas, das mãos de Dom Pedro.

Ao final na celebração, após a solene bênção pascal, Dom Pedro com os demais celebrantes e equipe celebrativa, voltaram-se para o altar dedicado à padroeira diocesana e rezaram a tradicional Antífona Mariana.

Homilia episcopal

Dom Pedro iniciou sua homilia comentando com os fiéis sobre a riqueza dos símbolos e gestos presentes na celebração. Em seguida, mencionou um texto do Ofício de Leituras do Sábado Santo. É uma homilia do século IV, de autoria desconhecida. Eis o texto, na íntegra:

“Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face, as bofetadas que levei para restaurar, conforme a minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.

Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; Eu, porém, que Sou a vida, estou agora junto de ti. “Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus. Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.”

Texto: Flávio Maia

Fotos: Bruno Henrique Santos

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